domingo, 14 de dezembro de 2014

EU ESTOU FALANDO DE AMOR .

Ela me conduzia a escola
Apenas com aquele olhar.
Conversávamos no caminho
Coisas leves e que nos arrancavam o sorriso.
Não apressávamos os passos,
Pois o coração precisava ficar ali juntinho.

Ela sentava ao meu lado;
Talvez porque eu sempre lhe emprestava a borracha
Ou porque era o único lugar vazio naquela sala.
Porém, meu coração insistia a acreditar
Que ela me amava,
Que naquele leve sorriso
Ela se entregava ao amor.

Aos fins de semana 
Eu não a via.
Coitadinho do meu coração.
Olhava aquelas questões de matemática
E me debatia.
Não para resolvê-las,
Mas para parar de pensar nela.

Não saberei ao certo o porque dos meus pés suarem.
Não saberei porque o café fica diferente quando ela está ao meu lado.
Ela é minha amiga.
É assim que eu sempre respondo quando me perguntam sobre ela.
Ah, mas meu coração
Está falando de amor.
Eu estou falando é de amor. 

(Fernanda Fernandes)

sábado, 15 de novembro de 2014

Cassino proibido



Como quem vai caçar a meia noite
Ele me despia:
Rápido,
Preciso,
Faminto.

E como a jiboia que estrangula a sua vítima,
Colou suas mãos em meu pescoço,
Impossibilitando-me de qualquer fuga
Ou gritos de socorro.
Mas na verdade,
Quem ali queria fugir?
Pois ao mesmo tempo que sou presa,
Sou caçadora também.

E entre mordaças , algemas e cordas;
Perdia-me nas dores mais estranhas.
O sangue não precisa estar sempre nas artérias e veias
Se pode encontrar-se na pele como resultado de uma noite inflamável.
Quem  entra como jogador,
Tem que saber acertar as cartas.
Frequentar esse cassino proibido
Apostar tudo ...
Saber quando começar
E quando se deve parar.

Assustava-me sempre quando meus olhos viam
Entre minhas coxas
As marcas que seus lábios deixaram.
Era como o fazendeiro que marca seu gado
Com ferro quente ...
Em brasas vivas: É MINHA.

( Fernanda Fernandes )




sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Rasgue-me.

Não coloque palavras em minha boca.
Coloque a sua língua.
Eu saberei fazer melhor uso dela.

Não elogie a minha roupa,
Rasgue as minhas vestes.
Não me acaricie os cabelos,
Faça um nó com eles em suas mãos
E deixe-me em movimento,
Onde eu possa ver o seu rosto 
A cada elevação 
Que seu quadril
Provocar em meu corpo.

Ainda lembro-me de cada dedo seu.
Onde cada um deles encontrava um lugar para entrar.
Talvez meu corpo tivesse um cartaz escrito:
Seja bem vindo , 
Fique a vontade;
Pois era assim que você sentia-se.
Não pedia permissão para nada;
Meus ''não'' eram ''sim'' para você.
E  logo sorria como se pensasse:
'' Eu sei que você gosta ''.

A loucura encontrou um jeito de unir nós dois:
Nossos corpos precisam um do outro.
Tua barba pede a pele das minhas coxas
E já sinto tudo alagado...
Meus pensamentos,
Meu coração
E as minhas pernas.



( Fernanda Fernandes )

sábado, 20 de setembro de 2014

'' Sem título ''

Sou um robô.
Me programaram para ser uma menininha.
Sim, eu uso enfeites no cabelo,
Como muitas informações
E saio por ai com a imagem de intelectual.
O que mais eu quero,
Se já tenho a admiração dos '' grandes ''
E a sociedade me aceita?
Não me perguntaram nada,
Apenas me moldaram.
E meu erro foi ''esquecer'' de mencionar:
QUERO SER FELIZ.


(Fernanda Fernandes)


quinta-feira, 3 de julho de 2014

Ele em mim

Poderia ter sido diferente,
Mas se tivesse sido diferente
Não chegaria perto de ser tão ardente como foi.
Ele tem as chaves que abrem todos os meus diversificados gemidos.
Oh, sim.
Ele.

E em um quarto a meia luz
Meu pensamento não poderia ser outro:
ELE.
Ele da cabeça aos pés.

Se ele não me beijasse,
Talvez eu nem perceberia.
Meus lábios já estavam anestesiados de saudades.
E se não me olhasse,
Eu não teria como perceber;
Meus olhos estavam fechados
Esperando todos os momentos
Congelados pela distância.

Suas mãos pareciam ter o mapa
Que encontrava todas as minhas terminações nervosas.
Seus lábios pareciam procurar
Pelos sabores nunca sentidos.
Nasceu assim, 
Uma nova sensação : EU E VOCÊ.

Acostumada a sentir a calmaria do oceano;
Senti-me desprevenida com um tornado 
Em pleno monte ausente de ventos.
Vi-me puxada por um abismo
Indo e voltando em turbulências...
Mas era apenas suas mãos em mim.

Seu olhar me dizia coisas insanas
A todo momento;
E eu ...
Eu lia tudo como se estivesse começando a aprender a ler:
Perdida, trêmula e com anseio de castigos.
Eu me via aprendendo a ser eu outra vez.
Me reinventando em sua boca.

E em total convicção sei do que ficou nele
Meu.
Dele ficou uma bagagem de lembranças.
E sem relógio, sem tempo, sem datas
Os pelos do meu corpo esperam
Os arrepios que só a saliva da sua boca
É capaz de fazer e desfazer em mim.

Todos os átomos do meu ser
E todas as células da minha pele
São capazes de reconhecer
As digitais que ele deixou
Em mim,
Por inteira.

( Fernanda Fernandes )


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Perdoa

Me perdoa por não saber te amar;
Por não saber reconhecer 
Os sentimentos que gritam;
Você precisa perdoar
Todo o meu medo.

Não, não tive a intenção de te perder de vez,
Mas fui perdendo as poucos
Para doer menos
Do que está doendo agora.
Perdoa-me pela perda
De não saber ficar
Junto de te.

Perdoa-me, diz que sabe entender
O meu medo de ver a lua
Ao seu lado.
Não é um não querer
É medo
Do que eu sempre tive medo sentir:
AMOR.

Porque ao contrário do que muitos dizem,
O amor dói sim.
O amor é egoísta sim.
Desse sentimento,
Eu tenho medo.

E você onde fica nisso tudo?
Eu sei,
Eu sei que deveria ficar ao meu lado,
Mas o muro que nos separa é cruel
E que não consigo derrubar um tijolo.

Fernanda  Fernandes

sábado, 21 de junho de 2014

QUALQUER COISA, EXCETO VOCÊ

Qualquer coisa queimaria minha pele,
Fogo,
Ácido ...
Mas não as suas mãos.
Nada me desperta mais
Arder de querer
Por seu toque.

Qualquer coisa poderia me fazer chorar.
A morte de um amigo,
O fim de um filme
Até o café ter esfriado.
Mas não mais a sua ausência.
É quadro branco,
Escreve-se e some
Com um passar de algo úmido,
Lágrimas, talvez.

Qualquer coisa poderia me machucar;
O cair de uma escada,
O corte com uma navalha,
A dor instigante de uma agulha,
Mas não mais a indiferença do teu olhar.

Nada mais de você é algo a mais em mim.
Você saiu da minha vida
Pela porta da frente.
Não esqueci você,
Porque você não é nada para esquecer.
O nada é sempre nada,
Mesmo que tenha sido tudo. 

( Fernanda Fernandes )






segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sem as chaves



Eu iria falar do poder do amor,
Mas olhei para você e perdi todas as forças.
Pensei em dizer o quanto eu temo te amar
Mas o medo encarregou-se de calar-me.
Olhando e pensando se devo agir
Pensei tantas vezes
Que nada pensei.
Como esconder a evidência no meu olhar ?

Cada centímetro de distância
São metros de saudades ...
Teu olhar que lança em mim
Desejos de querer ir sempre além;
Torna-se armadilha de cativeiro
Enganando abelhas com mel.

E cada silêncio que grita ao meu ouvido
'' amor é ser escravo, amor é ser trancafiado ''
Eu mesmo entrego as mãos para as algemas,
Tranco-me aqui no seu coração 
E entrego as chaves a você;
Onde sem piedade
Joga
no mar
E me deixa trancada
Sem saída
Dentro de você.

( Fernanda Fernandes )