segunda-feira, 7 de abril de 2014

Orgia Poética

Jogo-me nos braços do Jorge Amado,
Pois só ali sou amada de verdade,
Com suas histórias calorosas,
Prende-me do começo ao fim.
Mas é na ternura dos versos
De Vinicius de Moraes, que sinto sensibilidade;
E enche-me d’água o olhar...
É muito sonhar em um homem só.

Mas quando quero turbulência
E arrepios em minha pele
Quem procuro é Bukowski
Que derrama vinho em meu umbigo
E me diz coisas insanas.
Onde meu amante é Camões,
Em fogo que arde
Sem  Bukowski ver.

E quando penso em romper todos os laços desse arem,
Encontro Pablo Neruda que me diz que amor precisa ter reflexo...
Mas olho-me no espelho e só vejo Drummond ,
Onde me arranca sorrisos diante de sua poética.

Mas ainda acredito nas juras de amor de Fernando Pessoa,
Apesar de ele dizer que és um fingidor,
Arranco do seu amor o que for bom.
Ficando pensativa nos  conselhos do meu Augusto dos Anjos
Que diz que a mão que afaga é a mesma que apedreja,
Desacreditando-me do amor.

Ai ...
Olavo Bilac que me perdoe,
Mas a via láctea que me faz suspirar
É aquela que adormece todos os meus poetas.


( Fernanda Fernandes )


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