Palavra é fado, brisa Estorvo, coriza Mesa vazia É corte, cura Canto, tortura Saliva É pestilenta, contagiosa Máquina de costura É sobejo, ausência Precipício É trova proibida. (Yuri Rebouças)
Se loucura de poeta, é não amar. Como sofre ao ser poeta, Se o amor é que o move Se a dor é o profeta? Escrever e não sentir, Não se sente o que não escreve, Se registra o que se diz Faz poético o sentir. Ser poeta é pensar Que nos versos se esconde. É engano, é insano. Os poemas são nosso ''revelar''. Um esconderijo épico e único Derramamos nossos versos. É loucura de poeta, esconder O seu próprio ser de quem o ler. Fernanda Fernandes
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Eu seria a própria loucura, Ao ler-me como partitura, A interpretar-me como pura, Ao desfolhar cada verso. Fernanda Fernandes
No último degrau você cai. Na última parada você desce. No último suspiro morre, Do último amor se esquece. Olha os ponteiros do relógio, Cai nesse sofá, pega o controle remoto, Mas esquece a televisão, Tens algo melhor para assistir. De propósito eu vou cair, Não me levante, caia e me ame Aqui ou em qualquer lugar. Não fuja do amor, queira amar. Perca o emprego, Se atrase na entrevista, Vem cá, eu fecho essa camisa ... É outra armadilha pra te amar ! (Fernanda Fernandes)
Nas melancólicas madrugadas fico eu a vagar. Pensamentos vêem e me fazem sentir tudo outra vez, Sensações de dor e prazer, E você nem imagina o quanto eu sofro em saber Que nada mais voltará ao que era antes, tudo se perdeu! Às vezes prefiro me enganar e imaginar que nada aconteceu Mas é impossível não sentir essa ausência, pois tudo está tão vivo. E é nessa hora que percebo uma lágrima cair Contendo toda saudade, toda uma história, que se dissipa como as nuvens e some, Em meio a essa confusão de sentimentos. O que posso fazer se sou assim! Entrego-me totalmente sem pensar nas consequências; E na intensidade dessa paixão eu vejo as horas passarem lentamente E a doce lembrança do seu sorriso se eternizar Em um simples pensamento! E agora o seu eterno apaixonado se depara Com a realidade desse amargo silêncio que recai sobre nós, E sobre o escuro véu que recobre essa madrugada, o meu único desejo é que o tempo pare, e te guarde nas mais belas lembranças; Adiando o meu Adeus! (W. Rangel)