sexta-feira, 18 de abril de 2014

Mas eu amo ...

Jogue sua camisa no sofá,
Eu brigo, mas eu amo isso.
Amo porque não tenho mais.
Isso mesmo, você não está aqui para bagunçar a casa
E meus cabelos.

Pretendi esquecer.
Sim, esquecer era meu plano .
O plano que mais falha, mas é um plano.
Mas você precisa fazer a sua parte para que ele seja concretizado.
Sua parte, isso mesmo.
Faça.
Não me jogue um sorriso toda vez que me olhar.
Pensando bem, não me olhe.
É como se jogasse fogo em gasolina.

Fernanda Fernandes.

Do seu amor não restou nem a saudade

Aprendi a virar o jogo antes que ele acabe
Troquei o pranto por um sorriso de verdade.
Teu olhar é flecha que mesmo lançada
E me acerta como alvo
Mas não desperta em mim mais nada.
Desse amor que ainda está em você
Sinto muito ao meu não merecer
De você não restou nem a saudade.

Olhar teu rosto, ouvir tua voz
Faziam meu coração perder todo o compasso.
MAS HOJE quando te vejo
É como pedra em sapato;
Dói quando se coloca no pé
Não cabe mais, dar-se a outro,
Teu amor virou carta de baralho
Onde eu que dito as regras do jogo.

Fernanda Fernandes

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Orgia Poética

Jogo-me nos braços do Jorge Amado,
Pois só ali sou amada de verdade,
Com suas histórias calorosas,
Prende-me do começo ao fim.
Mas é na ternura dos versos
De Vinicius de Moraes, que sinto sensibilidade;
E enche-me d’água o olhar...
É muito sonhar em um homem só.

Mas quando quero turbulência
E arrepios em minha pele
Quem procuro é Bukowski
Que derrama vinho em meu umbigo
E me diz coisas insanas.
Onde meu amante é Camões,
Em fogo que arde
Sem  Bukowski ver.

E quando penso em romper todos os laços desse arem,
Encontro Pablo Neruda que me diz que amor precisa ter reflexo...
Mas olho-me no espelho e só vejo Drummond ,
Onde me arranca sorrisos diante de sua poética.

Mas ainda acredito nas juras de amor de Fernando Pessoa,
Apesar de ele dizer que és um fingidor,
Arranco do seu amor o que for bom.
Ficando pensativa nos  conselhos do meu Augusto dos Anjos
Que diz que a mão que afaga é a mesma que apedreja,
Desacreditando-me do amor.

Ai ...
Olavo Bilac que me perdoe,
Mas a via láctea que me faz suspirar
É aquela que adormece todos os meus poetas.


( Fernanda Fernandes )


quinta-feira, 3 de abril de 2014

BEIJO, LÁBIOS, SALIVA



Entre uma sensação e outra
Numa sutil e leve sucção 
Me leva em estado febril
Roubando-me em desejos escondidos;
Entre gostos diferentes
De uma saliva quase morna
Como algo que precise ir ao fogo
Para arder de uma vez,
Assim traduzo seus beijos.

Entre mãos quase com vidas próprias
E um suor confundindo-se ao perfume
Toca-me como garimpeiro em garimpo
Onde é preciso ir fundo para encontrar o ouro ...

Até a voz some e é substituída por sons quase indecifráveis,
É quase impossível pensar ou raciocinar alguma coisa .
É como morder uma maçã e querer sempre mais,
Todas as maçãs do mundo ...
O tempo não pode acabar assim,
As horas não podem passar tão depressa,
Apenas foi dada a primeira mordida.

(Fernanda Fernandes)